A Sociedade Phylarmônica Lyra Popular de Lençóis
A tradição musical de Lençóis vem de longa data. No livro Memória Histórica e Descriptiva do Município de Lençoes (pág.76), Gonçalo de Athayde Pereira conta que, em 1889, a Filarmônica 1º de Janeiro executou A Marselhesa “que foi ouvida por todos em pé com o maior enthusiasmo possível”. A tocata celebrava a chegada da notícia da Proclamação da República no final da sessão extraordinária da Câmara Municipal. A Marselhesa é o hino da França e à época simbolizava a luta pela liberdade.
Em referência à Lyra Popular, o Álbum de Lençóis conta que essa filarmônica foi formada pelos músicos e instrumental remanescentes de três filarmônicas apelidadas de: Carambola (do partido Conservador), Carapeba (do Partido Liberal) e Carapinha (sob os auspícios de São Benedito) “composta de pessoas da cor do seu patrono”. A Lyra teria sido criada em 1898, inicialmente com o nome de Lira Lençoense, sob a direção de Clementino Oliveira Costa e reorganizada pelo mesmo em 3 de março de 1903 com a denominação de Lira Popular.
Lençóis contou ainda com a filarmônica Harpa Diamantina criada e mantida pelo coronel César Sá em 1907. A Harpa parou de tocar em 1920 quando o coronel deixou Lençóis com a chegada do seu opositor político, coronel de Horário de Matos. “Ficando somente a Lira Popular, que, como na expressão feliz de um dos seus oradores, sendo a Alma Cantante de Lençóis, junto ao povo em todas as suas fazes sentimentais, quer de prazer, quer de dor” (Álbum de Lençóis, pág. 59).
A Phylarmônica Lyra Popular de Lençóis é uma das principais atrações da Festa de Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos- Padroeiro dos Garimpeiros de Lençóis. Nos momentos mais alegres como na lavagem das escadarias da Igreja de Senhor dos Passo pelas Baianas e na alvorada dos garimpeiros, bem como nos mais solenes como a procissão, a Lyra dá o tom tocando os tradicionais dobrados, a Canção do Garimpeiro e o Hino ao Senhor dos Passos.