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A imagem de Senhor dos Passos existente em Lençóis é o principal símbolo da fé católica dos lençoenses.
A imagem de Senhor dos Passos existente em Lençóis é o principal símbolo da fé católica dos lençoenses. Foi trazida para Lençóis no século XIX, vinda de Portugal, por encomenda de negociantes de diamantes que trouxeram a devoção a Senhor dos Passos de Minas Gerais. A data que a história oral atribui à chegada da imagem é o dia 2 de fevereiro de 1852 após desembarque no Porto do Rio Santo Antônio, a cerca de 12 km da cidade de Lençóis. Do porto, a imagem teria sido carregada em procissão e foi colocada sob uma tenda enquanto a capela era construída. Daí a tradição de fazer a procissão de Senhor dos Passos em Lençóis, no dia 2 de fevereiro.
Trata-se de uma imagem de grande valor artístico que passou por um minucioso trabalho de restauração a cargo de uma equipe técnica do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural do Estado da Bahia – Ipac no período de 2018 e 2019 coordenado pelas restauradoras Célia Maria Sampaio Moura e Rozelita Sá Barreto Oliveira. A restauração foi resultado de um pedido da então presidente da Sociedade União dos Mineiros (SUM), Ivonete Eunízia, ao governador Jaques Wagner, em 2014. O pedido foi entregue ao governador pelo Presidente de Honra da SUM, Anízio Macedo, em um evento na cidade de Mucugê, que gerou o processo SEI nº 062.2014.2019.0001588-98.
Segundo as restauradoras, foi necessária uma intervenção profunda devido ao processo de perda do suporte, rachaduras, colagens inadequadas, pregos e cravos oxidados na parte externa e interna da imagem. “Havia excrementos de xilófagos (cupins), pedaços de tecido e de jornais no interior da peça”, cita as restauradoras no relatório. A imagem passou por uma minuciosa limpeza, por testes de solvência, e limpeza química. Foram sanadas as fissuras, rachaduras e reconstruídas algumas partes faltantes, como o lobo da orelha esquerda. A cruz também passou por restauração da pintura, bem como o andor, que foi recuperado das manchas, rachaduras e partes destruídas por cupins.
O altar
No decorrer dos trabalhos, após a conclusão da restauração da imagem e do andor, os técnicos perceberam que o altar sobre o qual está assentado o andor e a imagem de Senhor dos Passos estava em estado ruim de conservação. “Sua base apresentava apodrecimento das madeiras que sustentavam as colunas e o forro, comprometendo a segurança do mesmo e da imagem”, cita o relatório.
O altar foi completamente desmontado, incluindo o forro do baldaquim, o assoalho, as colunas e os capitéis. Algumas tábuas do assoalho foram substituídas e foi refeita toda a estrutura de sustentação, incluindo a recuperação das tábuas laterais do altar. Até o frontão do altar foi renovado devido às perdas por ação dos cupins. “Foi necessário desmontar partes para efetuar as parquetagens, preenchimentos com tasselos e o entalhe de áreas que se encontravam com perdas parciais”, diz o relatório. Por último foi refeita a pintura original e o douramento para o qual foram utilizadas 8 folhas de ouro (8x8cm) de 22 quilates adquiridos pela SUM no valor de R$22.680,00.
Imagem de Senhor dos Passos sobre o andor no Santuário de Senhor dos Passos.
Foto: Acervo SUM